quarta-feira, 5 de julho de 2023

Revistando sentimentos

Numa bela manhã de inverno, resolvi refazer os passos até você, não que fosse um esforço absurdo ou que fosse algo que eu realmente precisasse viver nesse momento, mas o que seria de mim se não fosse os milhares momentos nostálgicos que guardo na memoria, não é mesmo? Para isso, abri aquele blog empoeirado, coloquei no fone - agora sem fio -, aquela música que a gente cantava alto pelos corredores frios da repartição e deixei a mente viajar. 

Num primeiro momento me permiti e me deixei livre para sentir tudo que a sua presença me causa. Hoje, já consigo falar e reviver sem dor, acredito eu. 

Logo de cara me lembrei das sensações mais loucas e deliciosas que sentia ao te ver, o coração disparava, a boca secava e assim como naquele episodio do desenho que meu filho adora ver, haviam mil borboletas voando dentro do meu estomago. Era um misto de admiração, paixão, ansiedade, a respiração ficava pesada e os sorrisos eram involuntários. 

É, eu preciso confessar, reviver você me leva para um lugar feliz. 

Eu me lembrei da forma desajeitada que você deixava o seu cabelo, das sobrancelhas grossas que de tão cheias quase se uniam. Me lembrei também dos dois caras diferentes que habitavam na mesma pessoa, ora o doutor do terno alinhado, da cara fechada, dos poucos amigos e de meias palavras, ora o cara descolado, da roupa largada, da risada alta e das infinitas histórias de suas aventuras. 

Não sei explicar, mas essas lembranças me remetem a uma mulher que sabia o potencial que tinha, mas isso é pauta para outro dia. 

Me lembrei de um dia chuvoso, em meados de agosto, que enxerguei o quanto você era bem mais incrível do que eu imaginava, você se abriu e nós conversamos por horas. Naquele dia pude perceber que você era mais do que um cara do sorriso bonito.

Pude desbloquear na mente o som da sua gargalhada, que era alta e que te fazia inclinar a cabeça para trás, eu amava te ver sorrir.  

Você despertava em mim, todos os dias, a sensação de ser vista, quista, de ser importante, fazia questão de me conquistar todos os dias, em cada detalhe, em cada mensagem de texto, em cada chocolate pós almoço. Meus assuntos eram importantes, meu sentimentos eram importantes, eu existia para você.

Refazer os passos até você é como sentir uma brisa leve no rosto, que traz as sensações boas naqueles poucos segundos e depois passam, como tem que ser. 

Obrigada por ser a brisa leve do furacão mais intenso que já conheci. 

Eu fico feliz por poder te reviver, sou grata por tudo que passamos. É uma delícia revisitar tantas sensações incríveis que a tanto tempo não são sentidas por aqui, tenho a sensação de que, assim que acesso você, todo o resto some. 

Mas, agora preciso retomar a realidade, quem sabe não volto e te reencontro - aqui - em breve?

Com amor (e um pouco de saudosismo),

A.