quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ela falava demais

Ela falava demais. 

Sem virgulas ou pontos finais. Matracava sobre o dia, o mês, suas experiências, suas expectativas.  Matracava sobre o livro aberto que era sua vida. 

Depois de tantos, ela finalmente achou aquele que a conheceria sem maquiagens, sem amarras e sem reticências. 

Ela não via o tempo passar e colocava ele a par do seu mundo, dos devaneios e de tudo que a cercava. Transparente, de peito aberto, a vida como ela é. Ela como ela é! 

O silêncio dele não valia para ambos. Ela sim, falava por ela, por ele e preenchia com palavras, muitas vezes cheias de amor, aquele espaço entre tanta diferença. 

Havia interesse dele e havia necessidade dela. 

A borboleta quando finalmente sai do casulo, quer mais é se amostrar. Aquela lagarta cheia de medos e proibições saiu do casulo disposta a ser feliz.

Ele era silêncio e calmaria, olhos que entendiam, sorriso que se divertia. Que menina doida!

Mente confusa, coração aberto e um mundo de informações a lhe esperar.

A menina que falava demais, tinha sonhos demais, amor demais e uma vida inteira para contar.

O fantástico mundo dela, antes trancado, hoje com as chaves da porta nas mãos dele. 

Tinha medos, receios. Tinha braços e abraços. Tinha beijos, desejos. Tinha tudo, só não tinha papas na língua.


SALDO DO DIA: 10

A

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ela chegou

O universo conspirou ao meu favor.

Foi difícil de reparar, eu assumo. Minha teimosia e mania de enxergar a nuvem cinza por todo o caminho, vendaram meus olhos.

Ela passou como um vendaval e eu estava trancada em casa. 

Quando finalmente me libertei das amarras e do medo da chuva, corri para a rua e tive que limpar as vistas. Ela estava lá. Sempre esteve.

Precisei ter coragem, soltar a armadura. 

Ela chegou como um furacão em dias de tempestades, bagunçando meus cabelos e me deixando sem ar. Fiquei com medo, confesso. 

O universo abrilhantou, assoprou o cinza e coloriu a minha vida. Deu toques de pirimpimpim e fez corar as bochechas, aviventou o coração e ativou aqueles sorrisos involuntários. É, ela chegou.

Meio desajustada, intensa e disposta a fazer uma bagunça. E que bagunça.

Tive a sensação de estar num redemoinho prestes a morrer ou parar num lugar deserto e distante do meu forte. Mas depois que ela invade, não há o que fazer, você abre os braços e suspira, solta aquele peso que o mundo inteiro insiste em deixar nos ombros. Ele te deixa leve.

Dei o meu sim a ela, dei o meu sim a mim, dei o meu sim ao que tiver de vim. Peito cheio de felicidade fica forte, pode bater que a gente cai, mas levanta cicatrizado. 

Se me perguntarem a receita de ser feliz, eu posso dizer: Aceita a felicidade que dói muito menos. Abra as portas e janelas, mesmo que a casa esteja bagunçada, ela quer invadir.

Ela chegou, ela tem nome e é o dele.


SALDO DO DIA: 10

A