Ela falava demais.
Sem virgulas ou pontos finais. Matracava sobre o dia, o mês, suas experiências, suas expectativas. Matracava sobre o livro aberto que era sua vida.
Depois de tantos, ela finalmente achou aquele que a conheceria sem maquiagens, sem amarras e sem reticências.
Ela não via o tempo passar e colocava ele a par do seu mundo, dos devaneios e de tudo que a cercava. Transparente, de peito aberto, a vida como ela é. Ela como ela é!
O silêncio dele não valia para ambos. Ela sim, falava por ela, por ele e preenchia com palavras, muitas vezes cheias de amor, aquele espaço entre tanta diferença.
Havia interesse dele e havia necessidade dela.
A borboleta quando finalmente sai do casulo, quer mais é se amostrar. Aquela lagarta cheia de medos e proibições saiu do casulo disposta a ser feliz.
Ele era silêncio e calmaria, olhos que entendiam, sorriso que se divertia. Que menina doida!
Mente confusa, coração aberto e um mundo de informações a lhe esperar.
A menina que falava demais, tinha sonhos demais, amor demais e uma vida inteira para contar.
O fantástico mundo dela, antes trancado, hoje com as chaves da porta nas mãos dele.
Tinha medos, receios. Tinha braços e abraços. Tinha beijos, desejos. Tinha tudo, só não tinha papas na língua.
SALDO DO DIA: 10
A