terça-feira, 4 de novembro de 2014

Uma noite fria

É, não tinha como ser diferente... Uma noite gelada certamente me levaria até você.

Deitei, me encolhi, disposta a fugir do frio lá fora. Fechei os olhos e tentei esvaziar a mente inquieta, só queria ouvir o vento que batia na janela. Mas é claro, não teve jeito.

Meus pés gelados me remetiam aquelas noites em que você fazia questão de se enroscar em mim, de modo que nenhum vento passasse entre nós e o jeito como você brigava quando eu reclamava que estava sem ar.

Eu, sempre tão reclamona, desejei que me faltasse o ar, que me desse calor, que o peso do seu corpo estivesse em mim. Desejei a sua respiração em meu ouvido, aquela da qual eu sentia tanta agonia.

Minha cama não era mais mesma. Era grande demais, era fria demais e até meu travesseiro, que eu odiava ter que te emprestar, sentia a sua falta.

As noites frias são sempre devastadoras.

Nem as músicas fogem delas. Meu aleatório passou todas as músicas que cantávamos juntos, passou até aquela música horrorosa que você amava cantarolar no meu ouvido enquanto eu me debatia para tentar escapar.

Minha mente inquieta foi muito longe e eu senti muito mais que o frio na pele, senti o frio da alma.

Ainda existia você na minha cama, no meu travesseiro e até nos meus pés gelados. Ainda era tudo seu ali. 

No fim, a única solução foi caprichar nas camadas de cobertas e naquela boa e velha meia de lã. Completei seu espaço com travesseiros e no lugar dos seus braços, sufoquei o pobre coitado do Ted.

De manhã seria tudo diferente.


SALDO DO DIA: -

A

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